segunda-feira, dezembro 03, 2007

Sou o que sou

Isto é muito comum. Em algum momento, de repente, vem aquela pergunta. Passam dois segundos, não aparece nenhuma resposta; nem clara, muito menos concisa. Lembro bem, enquanto tirava a roupa da máquina, na apertada área de serviço, apareceu novamente o questionamento. Quais as atitudes e comportamentos que a gente precisa ter, dependendo do local e das pessoas.

Pode ser que isto possa ser comparado a uma espécie de etiqueta ou moral. Ou outra coisa que valha. Certos arquétipos, ou modelos, que devem ser seguidos. Tudo como as pessoas acreditam que devem fazer para se sentirem aceitas, seja no trabalho, em uma festa, no shopping, pelos amigos, colegas de trabalho e, até mesmo, desconhecidos.

Por exemplo, gostaria de ser considerado competente. Só que não basta ser. Muitas vezes é preciso parecer. Talvez se eu fosse com uma calça de brim, cinto preto, combinando com o sapato, camisa social, e com os cabelos bem cortados. E claro, não fazer piadinhas no trabalho, conversar o mínimo possível, e ter postura sempre ereta. Quando alguém fizer uma piada, rir apenas no canto da boca, consentindo a brincadeira, mas que de pronto informa. “Esta não é a hora correta”.

Ao mesmo tempo, em uma mesa de bar, fazer as pessoas sentirem próximas, e bem por estarem perto. As roupas podem ser aquela calça jeans rasgada no joelho, camiseta velha, tênis e aqueles cabelos, que de longe, parecem fugir dos cabeleireiros. Não importa. Ali, as atenções estão voltadas para que as pessoas se sintam bem. Muitos sorrisos, as cabeças se mexem, as brincadeiras parecem, à cada momento, mostrar atenção por estarem ali.

Impossível ser dois ao mesmo tempo. Acho que já fiz a minha escolha, anteriormente, ao persistir em não usar óculos, gostar de música baiana, fazer brincadeiras indiscretas, ou tentar sorrir nos mais variados momentos. Em qual momento fiz esta escolha? Não sei. Talvez eu ainda mude, aprenda outras coisas, mas prefiro continuar a andar sem saber estes pormenores na psiquê nada fácil de ser entendida. Paciência então. Continuo a estender as roupas. E quer saber? Depois eu penso nisto. Prefiro olhar a sacada os prédios, e a luz deste sábado de manhã.

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