quarta-feira, agosto 29, 2007

Alguém poderia me emprestar um cigarro?

segunda-feira, agosto 27, 2007

Escreva sem pensar... muito...

Já decidi não postar os comentários do tipo: “Até que enfim postou, né?” ou então “Atualiza... Atualiza...”. Blog é algo autoral. A gente posta na hora que dá vontade. Lembro que até escrevi um texto sobre o porquê de postar, intitulado “Reflexões de um sonolento”, que começava assim: “Amanhã eu preciso tirar este post horrível que está embaixo. Não que tenha ficado tão medonho e horrendo assim,mas porque não agüento mais vê-lo. Só é um incômodo. Mas então, o que escrever? Vamos pensar!!!”

Quando este blog foi criado, há exatamente no dia 08 de agosto, a idéia era montar algumas pequenas narrativas, de curtas viagens. Eram nas trilhas, naqueles trechos que enriquecem a alma e o coração, que eu gostaria de dividir com quem lesse o “Andarilho”. Poderia ser São Paulo, Brasília, Barreiras. Eu queria entrar em contato com um alguém, há muito tempo distante. Este era eu, perdido nos caminhos da Facomb [Faculdade de Comunicação e Bibliotecnomia da UFG], sem eira, nem beira, e o pior de tudo, sem saber que estava nesta condição.

Nunca fui ligado a crises existenciais. Confesso que sempre curava, e ainda curo, as minhas angústias de outras formas. Ou eu ia ao cinema, ia dormir, conversava potoca com os meus amigos. Talvez eu tentava jogava os problemas (os poucos que eu tenho, e tinha...) para debaixo do tapete. Podia ser. Mas também poderia ser uma forma de lidar com as angústias, que em suma todo o mundo tem.

Apesar de nunca contar algo diretamente sobre a minha vida, possuir um blog é sim, um ato de exposição. Escrever, por si só, é uma tentativa de libertar os preconceitos, as visões, angústias, problemas, ilusões, felicidade, seja lá o que for que estiver sentindo no momento. Então poderia apenas escrever e deixar lá no HD do computador, como às vezes sempre fiz, e ainda faço. Publicar. Tornar público as versões e os pedaços da vida serve como o reconhecimento, muitas vezes sagrado, da chamada alteridade.

Ao reler o meu texto no blog, sei que deixo uma parte de mim, uma contribuição, para que eu possa me entender. E talvez, possa ajudar as pessoas a se olharem da mesma forma, com uma certa compaixão pelo outro, já que é através dele, que a gente se reconhece. Acho que copiei isto de alguma aula de cinema... Ficou confuso? Em suma, o blog me ajuda a organizar as idéias, me força a agir e me impulsiona a olhar de forma mais crítica o mundo e a mim mesmo. Este é o meu espaço. E confesso. Não tenho pensado muito sobre no que escrever. Só o que vem na mente na hora que tem que ser. O resto,como dizem por aí, é resto. Então,hoje é só sentar e escrever sem pensar... muito.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Curtas do blog

Hoje acordei por volta das 9hs. Não tinha mais sono. A vontade era de dormir mais um pouco. Depois de 30 minutos, alguns pensamentos, nem um cochilo. Melhor levantar. Como estou sem livros novos, vamos aos velhos...

Meta do mês... Deixar de assistir aos seriados do SBT. E aos poucos, migrando para a Record. Ao menos na emissora do Edir Macedo, vou poder assistir, sem surpresas de mudanças de horários. Entre as melhores estão: Dr. House e CSI:Miami

Antecipando as perguntas.Não vou assinar TV à cabo. Sei que vou continuar a assistir às mesmas coisas que são transmitidas na TV aberta.

Terminei de ler a monografia da minha amiga Érika sobre as obras do Ruy Castro: Carmem e Chega de Saudade. Muito bem redigida, a monografia explica como o autor ajuda na formação de uma identidade cultural nacional. Ponto para Érika, ao explicar como as técnicas jornalísticas somadas a uma narrativa literária foram utilizadas pelo autor para que de forma consciente, ou não, pudesse entremear na opinião pública a sua visão de uma identidade cultural brasileira. Excelente o trecho em que descreve a voz autoral da obra de Ruy Castro.

Ontem à noite, pude rever alguns conhecidos na coletiva do senador Aloísio Mercadante. Tentei assistir a sua palestra, intitulada “A política econômica do governo Lula (2003/2006)”, organizado pelo Conselho Regional de Economia (Corecon) em homenagem à Semana do Economista. Sai de lá convencido que o governo Lula é o melhor de todos os tempos. Depois da coletiva, deveria ir embora, para assistir a novela das oito. Já faz um tempo que eu não assisto. Tudo é ficção, mas a novela é mais divertida.

Saiu o resultado da prova do Estadão. Não se dignaram nem a publicar o resultado na internet. Agora é encarar a dura realidade. Para morar em São Paulo, já planejo trabalhar de empacotador de supermercado, vendedor de bilhete de metrô ou atendedor de telemarketing. Com a possibilidade do adicional noturno, posso ganhar mais do que eu ganho como jornalista.

Semana que vem a família chega aí, para curtir a formatura de enfermagem da minha irmã Camila. A super-lotação também se dá, porque a minha prima Gisely, que mora comigo, vai formar em Direito. Então, que venham as festividades.... Os vizinhos que se cuidem...

segunda-feira, agosto 20, 2007

Abaixo a pseudo democracia

- O que você tá fazendo na rua, menino? Criança tem que tá na escola, e não na rua, procurando coisa errada pra fazer. Cadê seu pai?
- Me deixa em paz, tio...

Por cerca de cinco minutos, o diálogo, ou quer dizer, o monólogo era acompanhado por quem estava no ônibus naquele momento. Era por volta das 14hs de uma quinta. O calor e a falta de umidade faziam daquele ônibus um suplício. Se fosse algum vendedor de banana, água, ou bala, continuaria nos meus pensamentos. Em pé, sentado no ferro de sustentação, próximo à entrada, o homem não parava de falar. Estava em pé, a segurar minha mochila verde, sem nenhum tipo de movimentação, só aquela impulsionada pelo ônibus. Mantive a mesma posição, sem nem mesmo olhar a cena.


O que aquele senhor dizia não era apenas um soco no estômago daquele menino. Aquilo começou a me incomodar. Ele estava em pé, à porta. Não tinha mais de dez anos. Era magrinho, camisa grande e de bermuda simples. Esta é a única descrição que posso dar. Esta foi a minha única olhada na cena, que continuava.

- Vou te levar na delegacia de menores quando a gente sair. Você não tem vergonha de com esta idade, tá na rua, vagabundeando. Tem que estudar... prá ser alguém na vida. Ou você quer ser vagabundo...
- Ai meu deus. Me deixa em paz.

Em coro com o garoto, a minha vontade era de falar. “Deixa ele em paz. O mundo é democrático. As pessoas fazem o que elas quiserem e cala esta boca, que o sr. está incomodando”. Não o fiz, certamente. Apenas esperei que tudo se acabasse. Quando entrei no ônibus, aquele senhor já estava lá, encostado na parede oposta à entrada do ônibus. Como ele ia sair, no ponto da Avenida Goiás, no centro de Goiânia, o homem havia mudado para o lado do garoto, perto da porta, só que sentado no ferro de sustentação.

O senhor, com rosto de formato quadrado, já enrugado, cabelos curtos e já falhos, sugeria uma personalidade austera. Sempre com aquela cara de sério e compenetrado em alguma coisa. Não pensei, no entanto, que pudesse demonstrar esta característica de forma tão veemente. Eles saíram, e continuaram discutindo lá fora, enquanto o menino fugia. E de repente, em poucos minutos, refletia sobre a cena e o meu pensamento.

“Não será que o mundo está deste jeito, por causa desta pseudo-democracia, em que ninguém pode mais se meter na vida de ninguém. As pessoas se desrespeitam, batem umas nas outras, quebram as regras, roubam, furam fila, e o que as pessoas falam? Exatamente nada”. Tudo isto, muitas vezes, acontece ao nosso lado, e com a desculpa de que todos fazem o que lhe aprouverem, começamos a achar “tudo” natural.

Que mudança radical de pensamento, não é. Às vezes somos levados ao imediatismo das ações. De uma forma individualista, não queremos ser incomodados. Afinal, isto não é problema da gente, não é mesmo? Só que a minha vontade, cada vez maior, por exemplo, é começar a encher o saco daqueles que jogam lixo pelas janelas dos carros e ônibus, como estivessem na própria casa. Depois quando os carros ficam parados no meio das enchetes, ficam reclamando do poder público. Acho que nós, brasileiros, precisamos ser mais chatos, metódicos, sistemáticos, e intrometidos. Nem que incomode, assim como me senti incomodado naquele momento.


terça-feira, agosto 14, 2007

A hora certa de partir

Que sensação é esta que surge? Brota aos poucos, de forma sistemática, sem nem avisar. Como já estou esperto com esta vontade de mudar tudo, analiso racionalmente as primeiras conseqüências, e em uma audácia que toma conta dos mortais, também passo a analisar num futuro distante. Apesar dos pensamentos, não há como saber como uma mudança, seja ela simples ou radical, possa alterar, para o bem ou para o mal, os rumos da sua vida.

Como estas indagações não vão me fazer andar, ou seja, apenas angustiam ainda mais o cotidiano coberto de certezas, torna-se preferível pensar em razões práticas. A verdade, para mim absoluta, é que nada me prende. Posso mudar para São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Londres ou Nova Iorque. E não sentiria nenhuma diferença perceptível. Continuaria andando em transportes públicos lotados, dormindo as minhas oito horas (ou até mais) tranqüilamente, trabalharia para sobreviver, leria os mesmos livros, sentiria as mesmas saudades, principalmente daquilo que não volta mais.

O que ainda estou fazendo aqui? Esperando a melhor hora de partir, preparando-me para a próxima viagem. E sem pensar muito no que deixei para trás. Até porque, a sensação é que nada do que passou me pertenceu um dia. Passou como aquele pássaro que voa em direção ao sol que se põe. Ou então como aquela cena em que tento, em vão, gravar na memória.

Da sacada do prédio, vejo alguém andando apressado, passos firmes, que apenas disfarçam a insegurança daquela nova viagem. Mochilas nas costas, o rapaz dobra a esquina, dá uma olhada para trás, como quem quisesse se despedir. Como não há muito tempo, ele olha para a frente, na direção que precisa seguir.

Este sou eu, novamente, olhando o “eu” que precisa fugir. Minutos antes, debruçava-me no parapeito da sacada, querendo lembrar de tudo desesperadamente, como em um filme, que avalia em um curto espaço de tempo, toda uma vida. Já dentro do ônibus, de volta para casa, esqueço tudo rapidamente. E tudo o que vem adiante é uma estrada limpa, pronta para ser percorrida, sem nenhum tipo de mágoa ou desilusão. Pronto para a próxima parada.

Livremente inspirado em uma crônica de Rubem Braga, incluída no livro “Ai de ti Copacabana”