terça-feira, abril 24, 2007

Escritor: Profissão em extinção ?

Pensar, e pior ainda, escrever algo inteligente é muito difícil. Para redigir esta frase não demorei mais que alguns minutos. Talvez porque eu esteja escrevendo em um blog. Isto também implica que qualquer um pode escrever qualquer coisa. E pode mesmo.

Também fiquei pensando porque não nascem mais tantos escritores talentosos. Meu pensamento ainda está confuso sobre este assunto. Talvez seja porque as pessoas precisam trabalhar? Ou porque ninguém mais financia todo o processo artístico literário, apenas o produto? Ou porque existem escritores de mais e leitores de menos?

Agora tenho uma fiapo de explicação. Parece que todo o mundo já disse tudo. Então para quê escrever um livro sobre o que já foi dito? A coisa piora quando é ficção. Depois de um tempo, sempre algum livro parece com aquela novela, ou, com aquele filme. Escritor hoje precisa suar bastante para estimular a criatividade.

E alguns ainda insistem em se basear na realidade. Sempre tem alguém para dizer que algo aconteceu lá na Virgínia, ou na coletiva de Sandy e Júnior, ou que a Grazi separou de fulano, ou que, o monte de juiz corrupto foi preso pela Justiça federal. Essa realidade parece uma obra de quem não tem o mínimo de criatividade.

Há sempre aqueles que consideram as obras de ficção mentiras e pura bobagem. Isto porque ainda não assistiram a TV Câmara ou a TV Senado. Uma competição de deixar Peter Jackson, Walt Disney, ou mesmo, Gabriel Garcia Márquez, no chão. Aquilo sim é pura ficção fantasiosa.

Está bem... Não sou déspota, nem autoritário, a ponto de achar que a informação seja prejudicial. Ao contrário, as pessoas precisam estar bem informadas para governarem as suas vidas. Ou mesmo, para se ordenarem nesta louca vida – regida pela solidão das grandes cidades à violência dos rejeitados. Há sempre algo acontecendo o tempo. E sempre tem alguém para dizer isto a um outro alguém. Isto é fato.

Mas isto cria uma conseqüência. As pessoas não podem mais ficar sozinhas para refletir a sua vida. Há sempre uma televisão ou um rádio para dar uma mãozinha na solidão. Se há algum ponto de tristeza, se algo deu errado naquele dia, a pessoa já pode estar à beira da depressão. Deve ser por isto que há poucos escritores. Ninguém mais quer conviver com a solidão.

Trilha: Viagem literária

quarta-feira, abril 04, 2007

Para tirar a teia de aranha

Os leitores foram abandonados? Não sei. Desculpa muitas vezes o egoísmo. Mas não considero o blog um espaço para os leitores. Apenas para as minhas pseudo reflexões, ou mesmo, um espaço para dividir as minhas experiências, angústias e outros problemas. É um espaço meu, que divido com quem queria ler algumas besteiras. Como sei que os eventuais leitores tiveram muitas coisas para fazer neste início de ano, não me senti mal pela demora. Era eu quem não estava à vontade. Queria esperar passar o ano.
Estou eu aqui no meu trabalho, escrevendo estas coisas, para dizer que o meu ano não começou no dia 1º de janeiro, nem depois do carnaval, mas quando eu decidir fazer coisas diferentes. Primeiro foi a mudança de apartamento e mais recentemente o fim de uma especialização. Ainda não fiz nenhuma lista de ano novo, nem vou fazer. Como mudo muito os meus planos, passa alguns meses, eles não servem para muita coisa.
Novo apartamento
Sol de meio-dia. O espaço abandonado. Janelas e portas fechadas. A cada passo... um barulho. Minha mãe e a minha tia entram primeiro. Elas se encantam com a cozinha, ampla e com uma pia bem maior do que o do apartamento anterior. Entro, e já vou direto para os quartos. Um deles tem até varanda. Também tem persiana nas janelas. Bom para quem gosta de dormir muito. E o apartamento ainda nem precisa ser alugado pela imobiliária. É com a dona. O preço é uma pechincha.

Assinado o contrato. É do lado da praça da Bíblia. Algum problema? Por mim, tudo bem. Os barulhos incomodam às vezes. Mas para um cara “dormidor” como eu. Nada deve atrapalhar. Depois da enrolações para entregar o outro apartamento, correndo atrás das papeladas, nada melhor do que deitar e ver que os problemas, ao menos estes acabaram. Até quando ficarei assim. Tranquilão. Na boa. Não sei.

Sonho
Só sei que depois de resolver um problema com a burocrática e enroladora Tropical, decidir ser mais chato do que nunca ao decidir as coisas, em assinaturas de contratos. Ou melhor, se eu precisar destes sangue-sugas eu prefiro morar debaixo da ponte. Eu acho que eu disse isto para a atendente. Aquele mentirosa, filha de uma... Já passou a raiva, mas devo ter praguejado as quatro gerações daquela coisa ruim. Só que mesmo variando os caminhos, eles continuam iguais. O processo mecânico ajuda a lembrar dos problemas. É como se você fosse teletransportado. Quando você vê, já está cumprimentando as pessoas no seu trabalho. E não percebe que você pegou o ônibus lotado, atravessou uma avenida e apenas olhou, não apreendeu.
Ah! Estes dias eu me peguei na beira da praia, em pleno pôr do sol. Não sei se sonhei, ou pensei que estivesse com o pé na areia. Estava sentado, vendo o sol baixar. Os tons azulados e alaranjados do sol se misturavam. Olhava pacientemente, sem nenhum pensamento na cabeça. Só o vazio. Sei que quando eu morar na praia, não será bem assim. Mas aos corvos e abutres de plantão, não venham azedar o meu sonho ou pôr areia no meu tênis. Sei dos problemas e das dificuldades, mas com uma praia e o pôr do sol devem ser bem mais agradáveis de resolver.