quinta-feira, agosto 07, 2008

Jornalismo como instrumento social

É grande a importância do papel do comunicador em lançar debates aprofundados e humanizados que possam contribuir para a formação de uma sociedade crítica e responsável. A constante especialização, falta de reconhecimento no “outro”, e principalmente o colapso vivenciado na pós-modernidade transformaram-se nas principais conseqüências de uma sociedade que baseia as suas relações somente no lucro. A exploração inconsciente das nossas reservas naturais, que arrasa o meio ambiente, soma-se a um processo de deterioração do próprio ser humano.

A comunicação e as novas tecnologias desenvolvidas na área podem se tornar instrumentos de divulgação de um pensar e agir sustentáveis, pautados pela responsabilidade ambiental e social. É preciso, para isto, mobilizar toda a comunidade. Os meios de comunicação de massa podem ajudar neste processo, ao transmitir informações e símbolos que revalorizem o outro, as relações sociais e o meio ambiente. As pessoas deveriam voltar a pensar que são as pequenas ações as responsáveis pelos grandes atos que podem mudar o mundo.

É necessário tornar público não somente as atividades dos grandes conglomerados, que detém a riqueza financeira, mas também as ações da sociedade civil organizada. Os profissionais de Jornalismo poderiam contribuir, neste sentido, ao tentar trazer ás pessoas algo próximo, mas que deixam de ser discutidas, menos pela falta de visão das grandes empresas, e mais pela formação elitista e cartesiana dos jornalistas brasileiros.

Apenas no ano passado, a mídia brasileira percebeu a catástrofe vivenciada pelo mundo, com a divulgação do relatório do IPCC, sobre o aquecimento global. Somente com uma catástrofe anunciada em pesquisas, o jornalismo se dá conta de um assunto que as comunidades tradicionais antecipam, ao ver as suas culturas arrasadas pelo trator movido pelo grande capital. Se as pequenas ações fossem valorizadas pelo processo comunicacional, há muito o alerta já teria soado. Resta agora correr contra o tempo, para lutar pelo que temos, que felizmente, não é pouco.

domingo, agosto 03, 2008

Assisti pela milésima vez (força de expressão. Mas foram muitas) o filme Closer - Perto Demais. Todas as vezes que assisto, sinto que tinha entendido tudo errado da última vez. Sempre tenho uma nova impressão dos personagens e dos acontecimentos. Esta mania de querer racionalizar o impossível dá nisto. Relacionamentos não estão na ordem do explicável. O que na maioria das vezes os filmes tentam passar. Closer é uma obra de arte, e os personagens chegam a saltar na tela de tão reais.
Toda vez que re-assisto, lembro quando vi pela primeira vez, numa sala de cinema, sozinho, com um copo de refrigerante do lado. Pode ter sido meio depressivo. Aquilo, na época, soou mais como um desafio. Não que eu gostasse de ver filmes desacompanhado, mas naquele dia queria fazer algo que não estava acostumado. Sair da rotina. E para a minha surpresa, surgiu na tela um filme que tirou os meus pés do chão, e me aproximou mais de uma forma diferente de ver as angústias amorosas.

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Fiquei muito tempo longe de Barreiras. Para quem não sabe é no Oeste da Bahia. Tempo bastante para estranhar muitas coisas. Vamos então ao Top5:
1. Indiscrição: As pessoas querem realmente saber da sua vida, mas como não tenho feito muita coisa, nada para contar. Desço muitos degraus na escala da sociabilidade por causa disto. Mas elas também contam com mais facilidade sobre a vida delas. Fico tão sem graça, e conto uma coisa outra de mim.
2. Simpatia: As pessoas aqui são muito engraçadas. Morro de rir de muitas coisas, principalmente nas expressões, seja dos baianos, ou dos gaúchos. O ponto alto é na faculdade. Só tem figura.
3. Poeira: Esqueci o quanto esta cidade é poeirenta. E os meus olhos sofrem, principalmente quando uso lente de contato. Decidi priorizar o conforto. Lentes só á noite.
4. Ônibus: Preciso me livrar disto urgentemente. Andar de ônibus é ruim em todo o lugar. Aqui tem uma peculiaridade. As pessoas puxam a cordinha, voltam a se sentar, e somente depois que o ônibus param, elas vem lentamente para descer. Ah! Outra coisa que eu detesto. Quem pega ônibus aqui parece um ET. Explico. Todo o mundo que passa de carro fica olhando. A vontade é de meter uma pedra no carro. Ô raiva.
5. Tempo: realmente o tempo daqui é diferente. Primeiro que todo o mundo almoça em casa. Todo o mundo sai mais cedo e chega mais tarde. Os eventos começam geralmente 1h30 depois do marcado. Não que seja ruim ou bom. É apenas uma maneira diferente de lidar com o tempo.

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Trilha sonora do momento, coloquei todo o CD da cantora Colbie Caillat no meu celular-mp3. Ela fez sucesso com a música Bubly, trilha sonora da novela das 7, Os Sete Pecados, mas o cd traz uma variedade maior de sons, alguns se aproximando do folk, e às vezes até do country, mas outras ela parece uma versão de saias do Jack Jonhson. Em algumas canções, como Midnight Botlle e Feelings Show, The Little Things, Realize, e Batle a sensação é de estar sentado à beira de uma praia, observando o mar. Basicamente, o violão, o baixo, o teclado participam de maneira mais contundente das músicas, e uma bateria leve marcando o ritmo.

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Cortar cabelo nunca foi o meu forte. Detesto ir ao cabeleireiro. Acho que foi algum trauma de infância. Primeiro que eu nunca gosto do corte, e hoje você precisa marcar e agendar, ou então ninguém te recebe. E como nunca tenho tempo, ou acho que não vou desperdiçar tempo com isto, continuo com o cabelo grande. Esta semana vou precisar cortar. Uma das várias missões desta semana. Vou cortar bem baixo para ver se fico uns dois meses sem procurar novamente um salão.

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As Olimpíadas de Pequim estão chegando, mas a diferença do fuso horário com o Brasil vai atrapalhar quem gosta de assistir a competição. No meu caso, será praticamente impossível, até porque só se eu ficasse 24 horas ligado. Bom que temos a Internet, para assistir algumas transmissões.

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Esta semana a jornalista Beatriz Castro, da rede globo nordeste, ministrou uma palestra na faculdade onde leciono. Divertida, e bem articulada, ela mostrou aos estudantes as dificuldades e as benesses da profissão. Os estudantes sairam motivados. Muitos se deram conta do que os professores falam em sala de aula tem alguma razão. Parecem que eles só acreditam quando alguma estrela global fala. No mais, continuo martelando. Não existe jornalista nos tempos atuais sem formação para lidar com o grande acúmulo de informações disseminadas diariamente. E ler, de preferência, Machado de Assis e Graciliano Ramos, como uma forma de melhorar a narrativa jornalística. No mais, muito trabalho e paciência.

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Uma grande reportagem tem fórmula?Para o grande mestre José Hamilton Ribeiro existe sim. E ele é quem dá a receita para o sucesso:

GR= (Bc+Bf)/(txt´)n

Isto significa que uma Grande Reportagem é igual a um bom começo mais um bom final sobre trabalho vezes talento, elevado à potência n. “É segui-la e se candidatar ao Prêmio Esso de Jornalismo”. Bastante simples, não é?

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Esta semana começo em um novo trabalho. Claro que surge a insegurança d normal da mudança. É uma área em que não tenho tanta experiência, no caso uma assessoria de comunicação de uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) chamada Bioeste, que tem o objetivo de atuar na preservação da biodiversidade e do patrimônio ambiental do oeste baiano. Foi uma difícil decisão, principalmente por ficar fora das redações, mas espero que seja uma rica experiência, assim como tem sido tudo até agora. Desejem-me sorte.

sábado, julho 12, 2008

É dia de aniversário!!

Hoje é dia de aniversário. Não vai ter bolo, mas vai ter pizza. Completo 25 anos. Bem vividos em alguns pontos, mal por outros. A verdade é que me sinto muito mais completo e feliz hoje do que anos atrás. Sinto saudades de momentos e de pessoas, mas sem aquela nostalgia de quem queria que tudo voltasse a ser como era antes. Talvez por tudo isto não me permita reviver ou fazer análises mais aprofundadas do meu passado. Sei que tudo influenciou o que eu sou hoje, as minhas escolhas profissionais e pessoas, mas sei que a todo momento, posso mudar, e tentar ser diferente, tentar ser melhor.

Não sei se foi a lua em algum canto do meu mapa astral, ou Netuno que deve sair esta semana na casa de câncer, mas sei que fiquei diferente a semana toda. Não sei se deve tudo a isto a algum tipo de coincidência. Comecei a refletir mais certas passos. Talvez sejam as férias. O fato é que nem tudo é perfeito, sempre faltam pedaços, no entanto, há melhores maneiras de se conviver com a imperfeição,e com os erros e os problemas. O bom seria a melhor maneira de tratar tudo de forma mais leve.

Se vale a pena registrar, acho que vou reforçar este como um lema. Preciso desapegar certos conceitos, recriar outros, abraçar mais o que eu escolhi, sem deixar de lado o que vivi. Talvez este seja o momento propício. Um momento em que eu estou novamente na proa do navio a conduzir o meu destino, que já agiu de forma anteriormente, quando o vento apenas direcionava os rumos. Agora quero e preciso estar na rédea das situações, sem perder a sensibilidade para o que vier, e a racionalidade nas horas difícies.

Obrigado a todos!!!

PS: Acabei de ganhar no momento em que escrevia o posto o livro Guardião das Memórias, dos meus tios Gildásio e Edna. Espero que seja sinalizando momentos de mudanças, para melhor, e principalmente no relacionamento com a minha família, minha fortaleza nos mommentos em quem não tenho no que segurar.

sábado, junho 28, 2008

Fiquei apertando “Ctrl Z” durante uns dez segundos. O texto realmente não vai voltar. Na hora eu decidi deletar, porque escrevi quando estava para baixo, na solidão de um sábado a tarde sem nada para fazer. É assim quando se passa meses sem tempo para nada, e quando se depara num sábado à tarde, com vontade de fazer muitas coisas, algumas impossíveis, outras ao seu alcance. E deixa de fazer tudo para ficar sem fazer exatamente nada. Depois visitei alguns blogs, algo que não fazia há algum tempo, algumas pessoas estavam com o mesmo sentimento saudosista, foi quando tentei recuperar o post. Já era também. Curei as mágoas.

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Ainda estou um pouco “down”. Saudades dos amigos que gostaria de rever e não posso. Esta cidade parece às vezes que fica no meio do nada para lugar nenhum. Incrível. Descobri que uma passagem aérea de Barreiras para Salvador custa R$ 200. E que para Brasília custa R$ 230. Isto numa segunda-feira. Nada mal , se não fosse aqueles aviões teço-teco, e a pista do aeroporto de Barreiras não ser nada confiável. Não tem nem corpo de bombeiros na cidade. Prefiro continuar as 12 horas, com aquele cheiro típico de buzão, perigo de ser assaltado na estrada e uma baita dor no pescoço na parada final.

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Durante a Exposição Agropecuária de Barreiras, que antes tinha raiva de ouvir falar, parece ter mudado. Ao menos não ficam os metidinhos da minha adolescência naquela numa pracinha ridícula, onde tem um negócio de rapel, onde o povo ficava olhando. Os adolescentes de hoje devem ter achado outra maneira de segregar. Só que ainda não identifiquei. Fui na exposição, algumas vezes à trabalho, outras so para ver quem estava passando. Só não entrei nos shows, porque pagar para ouvir Bonde do Maluco, e outras porcarias, não estava no meu cronograma. Como diz uma colega professora. “Não investi anos de estudos e tempo de leituras para ouvir estas porcarias”. Ta aí. Nem eu!!

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Aliás, este semestre foi bastante interessante. Nunca pensei que voltar à Barreiras seria tão proveitoso profissionalmente. Ao acaso do destino, me tornei professor de jornalismo, algo que ainda estou me acostumando. Lembro até hoje do primeiro dia em que a sra. do Recursos Humanos me tratou como professor. É sério, precisei me segurar para não rir na cara dela. Na semana de admissão cortei o cabelo e aparei a barba direitinho. Era para parecer mais velho, mas deu tudo errado. Parecia que eu tinha 20 anos. Teve um professor que disse que eu tinha cara de aluno. E no meu crachá, como ironia, parecia que eu tinha voltado aos 17 anos. Uso camisa para disfarçar. O que antes, considera impensável. Só que não to nem aí. Tem gente que demora a envelhecer.

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A única coisa que atrapalha estar em Barreiras é a distancia dos amigos. Hoje vou perder o tradicional São João na casa da Érika (o pc insiste em pôr o sinal no seu nome Érika), que vai reunir os amigos de facu. Sinto muitas saudades. Infelizmente não deu, mas da próxima, faço de tudo para está presente. Só me resta afogar as magoas no show do Nechivile. Como diz outra professora, não é o show que é ruim, é a gente que bebe pouco.

sábado, maio 10, 2008

Ao lado daquela canção

Nunca desci a serra pela estrada de Santos, mas era como se lá estivesse. No meu carro, poderia ser um mustang amarelo, ou um corvetti azul marinho. Os braços estão para a janela. Gel no cabelo, óculos escuros, escolho a música pelo dial do rádio. Um ruído até a melhor freqüência, e lá estou eu, ouvindo Roberto Carlos, e descendo a estrada de Santos. Ao meu lado, como companhia, inseparável, pela completude do pensamento, ouvindo a música, balançando a cabeça, está minha mãe.


O encarte do CD em mãos, acompanhando a letra, ela me vê entrar pela sala, e revivo uma atmosfera que só apreendi no cinema e em livros. “Se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer”. Era domingo pela manhã, por volta das 10h. No automático, ligaria a televisão, mas preferi, continuar naquela vida em preto e branco, onde o tempo anda devagar, e que o ritmo da jovem guarda faz entender um pouco da personalidade da minha mãe. Algo imcompreensível, é verdade.

Sento-me ao seu lado. Ela está com aquela camisola dos dias de domingo. Branca, com alguns desenhos em azuis. O cabelo em coque, preso em grampos, e com um sorriso, que mostra a experiência e as suas vivências. Abraço-lhe. Sinto o calor do beijo, e o frio no estômago, da camisola molhada. Ela me mostra o encarte, e cantarolamos juntos.


“Só ando sozinho. E no meu caminho o tempo é cada vez menor. Preciso de ajuda. Por favor me acuda. Eu vivo muito só”. Em nossa solidão, em que cada um vive à sua maneira, eu e ela naquele momento nos tornamos único, uma energia que me acompanha, não pelo simples fato de ser mãe, mas pelo simples de fato dali, naquele espaço e naquela canção, e naqueles dois corações, existir um amor, incondicional em sua essência. “Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo. Eu piso mais fundo. Corrijo num segundo. Não posso parar”.

Não é aquele amor que cobra presença, afagos, ou presentes. É aquele amor verdadeiro, de quem sente que o que quer que aconteça, estaremos ali, um ao lado do outro, cantando uma canção única. Se, por um acaso eu esquecer quem eu sou, ali estará ela, sempre a me lembrar, que sou especial, insubstituível.

No mundo lá fora, longe desta sala, e da nossa cantoria de domingo pela manhã, posso ser vários, e me transformar em muitos outros. Mas aqui nesta sala, ao seu lado, cantando, assistindo à tv deitado ao seu colo, ou mesmo nos muitos abraços apertados pelos dias à fora, relembro que posso voltar a ser quem sou. “As curvas se acabam. E na estrada de Santos não vou mais passar. Não vou mais passar”.

sábado, abril 05, 2008

A força de uma vida

No mesmo hospital, em menos de um mês, outro caso de maus-tratos. Está internada uma menina de quatro anos, que pesa apenas sete, sendo que o ideal seriam 16 quilos. A criança foi internada com diárréia e vômitos, e não se alimenta pela via oral, apenas por intermédio de uma sonda. Os pais, alcoólatras, não a alimentavam, e impediam qualquer um de chegar perto. Depois de uma denúncia, quando o conselho tutelar entrou na casa, a menina estava toda suja, e não conseguia mais chorar, apenas grunia.

Nunca iriam escutá-la. Os pais saiam e deixavam o som em alto volume. Outro detalhe: A menina nunca mais vai ter condições de andar, e está com o seu desenvolvimento comprometido. E não tem com quem ficar. Que futuro podem ter? Não seria melhor desistir? Não seria mais fácil? Mais do que o próprio exercício diário de sobrevivência, estas crianças já nascem levando "porrada" da vida. Infelizmente aprendem na marra, motivada pela irresponsabilidade, e loucura de quem deveria ter a obrigação, não apenas de cuidar, mas de educar.
Estas crianças podem nos instigar muito mais do que o sentimento de revolta. Elas ensinam o que a maioria das pessoas aprendem, muitas vezes, depois de adulto. Que a realidade não é justa. E que chega em um momento em que se deve aprender a andar sozinho.O fato destas crianças continuarem a respirar ensina que a luta deve ser diária. Se elas, que não possuem condições de se defenderem da loucura do mundo, continuam. Porque deveríamos desistir?
Quando se chega perto do palco, os defeitos ficam mais visíveis. Os predestinados a vencer, muitas vezes, se incomodam diante da vida, sempre acostumados a serem servidos. E pensam, muitas vezes, que o destino o escolheu como o novo predestinado. Assumem assim uma posição de arrogância, e de menosprezo em relação à vida. Tudo, para eles, se torna banal. Mal sabem que existem pessoas, que de tantas dores, sofrem com o mínimo sinal de respiração, e que as batidas do coração se elevam a cada movimento. Apenas a procurar a felicidade onde elas podem alcançar: a própria vida.
Foto: Luís Tito - Agência A Tarde

segunda-feira, março 31, 2008

Quando encontro o destino

Estava na biblioteca, e me deparei com um livro chamado Notícias do Fantástico, de Luiz Gonzaga Mota. Antes que pensem que fala do programa dominical da Globo, esqueçam. Na verdade, o pesquisador analisa as notícias que fogem das bases empíricas racionalistas, aquelas sem explicação científica. Ele pretende provar que com as notícias que lidam com o insólito, com o fantástico, os jornalistas deixam perpassar em seu conteúdo uma maior subjetividade.

Não é disto que eu quero falar. Estou querendo falar de destino. Enquanto lia o livro, me deparei como um trecho, em que o autor tenta explicar o que é o fantástico. Ele justamente tenta fazer isto, ao dizer que é tudo que sai do cotidiano. Aquilo que não se prevê, mas que
em determinado momento pode mudar as nossas vidas. "O ser humano está em submetido à sensibilização cósmica mas, por outro lado, sentimos e conduzimos a nossa existência a partir de um centro próprio".

Esta foi justamente aquele trecho que me deixou intrigado. Fiquei horas pensando. Se existe algo que rege a nossa vida, uma força maior, algo que nos leva como uma nuvem, ou um vento forte, que nos empurra para a frente, qual seriam aqueles momentos que nos fazem mudar radicalmente o sentido das nossas vidas, que possam mudar o nosso destino? Comecei a pensar em algumas situações.

Quando eu sai de Barreiras, além de estudar e ter uma oportunidade de conhecer outras cidades, eu queria esquecer um grande amor. Hoje, isto parece uma besteira. Mas quando eu tinha 17 anos, aquela viagem parecia ser a salvação, uma oportunidade de fugir. Mal sabia que aquela decisão mudaria a minha vida. Não sei se morar em Goiânia estava escrito. A vontade de fugir me fez simplesmente parar lá.

Novamente, já estava com aquele mesmo sentimento daquela época. Sabe aquele sentimento de só querer fugir. E quando eu olhava em volta, estava tudo certo. Era algo diferente. De repente, recebo uma proposta para trabalhar em Barreiras, cidade onde nasci, depois de formado. Algo dizia que eu teria que vir. Apesar do calote que eu levei no trabalho (já estou cuidando do caso), consegui arrumar outro emprego. Sinto que era aqui que eu deveria está agora.

Apesar das dificuldades, não houve um segundo que pensei diferente. Está aqui era o meu destino, e vou fazer o melhor que eu puder, até que venha o próximo desafio. Sinto-me realizado por estar perto da minha família, dos amigos que venho conquistando, e dos meus trabalhos. Espero que na oportunidade da próxima viagem, esteja preparado, e saiba identificar, quando me ocorrer um acontecimento para mudar o meu destino. E que sempre seja para melhor.

Ps: Queria agradecer a Mary. Também pensei em vcs esta semana. Em toda o apoio que me deram quando precisei, e também ao João Camargo Neto, que aproveitou a ilha de Saint Simon Beach, e à grande companhia da Milva (ehehehhehe). O Eduardo já é de casa. Abraço a todos.

sexta-feira, março 14, 2008

Lost

Porque nem sempre tudo dá certo ao mesmo tempo? Sempre tem alguma coisa para angustiar e chatear as nossas humildes vidas. Não sou o tipo de cara que gosto de me preocupar. Porque já sou assim na essência. Quero passar a minha vida sem ter uma gastrite. Para isto faço tudo certinho. Por quê não fazem o mesmo? Quando eu faço um trabalho, gostaria de receber, de preferência em dia. Quando pago uma conta no bendito caixa eletrônica, quero que realmente seja paga. Quando não encho o saco de ninguém, quero que também não encham o meu.

Poderia ser simples, mas não é bem assim. Sei que apesar de estar em casa, deitado na cama, às vezes penso estar no meio de uma guerra fria. As bombas, numa mínima descontração, podem sair do imaginário subconsciente, e passaram a atacar os meus neurônios. Muitas vezes me sinto sem ação, perdido, e como gosto de pensar antes de agir (prá quê fui ler Descartes na faculdade?).

O fato que me sinto dentro de uma ilha belíssima, como no seriado Lost, mas sempre com a ronda do medo. Inclusive medo de achar a saída. Falando nisto, estou assistindo a série, isto quando não me acordam no meio da noite. Continuo sem entender muitas coisas. Já desisti. Só tô acompanhando mesmo. Quando chegar no fim da série, não vou dizer que já sabia, mas com certeza, vou dizer. "Só isto?". Espere que não me pense, e me preocupe tanto, para dizer isto da minha vida.

Abraços ao casal 20, Rodrigo e Erika. Parabéns pelos dois anos de namoro. Saudades de ser vela, de ir ao cinema com o casal. Mesmo que me peçam para fazer um texto depois. Risos.

sábado, março 08, 2008

É um sábado. Não tô a fim de fazer nada. Apenas deitar na cama e pensar na vida. Isto é sintomático, como diz a filosófa e amiga Lucimeire Santos.

sexta-feira, março 07, 2008

Método do objeto problemático

É difícil assumir. Esta semana poderia não existir no calendário. Nada contra o ano bissexto. Apenas a lua em netuno não ajudou definitivamente a minha semana. Já passei por piores. O eclipse deve ter atrapalhado. Esta talvez fosse a diferença. Neste dia, talvez, a escuridão atrapalhou a luz a entrar no meu quarto. Fiquei com vontade de desistir de tudo. Pegar um ônibus, e ir para o lugar mais longínquo. Está bem, se eu pagar as minhas contas mais urgentes, posso talvez chegar a Lençóis, na Chapada Diamantina, ou então mudar-me para o sertão da Piauí, bem no meio dele, onde parece não existir nada, só sequidão e poeira.

Já conheço o bastante da vida para saber que os meus problemas são ridículos. Admita. Não precisa criar uma tempestade num copo d´água. O eclipse parece continuar. Vou utilizar as minhas artimanhas pseudo-filosóficas. Vamos à receita:

- Pegue todo o objeto (no caso o problema), e veja-o em todas as dimensões;
- Tente dividir o problema em partes menores, a depender do seu tamanho. Caso ele não queria se dividir, estude-o mais;
- Depois de dividido, amasse o objeto durante duas horas, e depois deixe-o descansar;
- Neste entremeio, relaxe, tome uma ducha, assista aqueles programas idiotas, tipo Márcia Goldscmith, ou a Regina Volpato, para tentar simplificar o seu objeto. Case não dê certo, ligue a tv na Record à noite, naquele programa religioso, é cada objeto problemático;
- Perceba o objeto de forma simples;
- Pela manhã, acorde, lave o rosto , e escove os dentes, e vá ao problema. Amasse mais um pouco. Unte o objeto e ponha no forno microondas durante meia hora para assar;

Pegou a receita. Fácil não. Seria fácil, se fosse tudo resolvido desta maneira. Vou escutar umas músicas da Legião Urbana, ou então do Paralamas do Sucesso, para tentar animar o meu espírito. Desta forma, quem sabe, não saia logo na porrada com o pseudo-objeto filosófico, e acerte definitivamente os problemas com ele. Vale rolar no chão, enforcamento, chute nos peito, e umas voadoras na cabeça. Chega de lidar com os problemas de maneira intelectual. Tem objeto, que só mesmo, voltando aos tempos do cangaço. Precisa ser na base da pecheira, e resolver o problema no dente. Na base do bater... ou correr... Ou os dois ao mesmo tempo.

domingo, março 02, 2008

"Arrebatado" por Alicia Keys


Já assisti a duas temporadas de OC- Um estranho no Paraíso e mais duas de Lost. Quando, no auge da empolgação, tinha agendado para comprar a 1ª temporada de House, a vontade de ir na locadora passou, e de assistir aos seriados de forma compulsiva também. Agora acompanho apenas as temporadas das séries na tv aberta. Uma droga. Admito!! Nunca sei se estão encurtando as edições. Ou quando as edições se resvalam no meu sono, no caso de lost, ou quando estou com sede, e fico mais tempo na cozinha no caso das outras séries.

Agora o meu vício de momento é ouvir discografias inteiras de cantores, ou baixar cd´s e ouvi-los inteiro. Já foi Back to Black, da Amy Winehouse (ganhadora do grammy este ano. Realmente ótimo. Destaques para a badalada "Rehab", "Me and Mrs. Jones", "You know I´m not good" e "Just friends"), Cídia e Dan (aquele casal do Fama, que trouxe uma deliciosa coletânea de duetos, de consagradas músicas, como "Back at one", "Ain´t no mountain high enough", "you´ve got I friend", "the time of my life", e uma inédita tão ótima quanto os clássicos "love obeyed") e as trilhas sonoras de Moulin Rouge e Um lugar chamado nothing hill.

Nestas imersões musicais descobri tardiamente a cantora Alicia Keys. Puxa!!! Tô apaixonado. Fã de verdade. Até entrei em lista de discussões. Ela já ganhou 11 grammys, sendo que dois foram este ano pela canção "No One", do atual CD "As I am". Na apresentação do Grammy deste ano, Alicia interpretou em dueto virtual com Frank Sinatra, a canção "Learning the blues", e depois voltou aos palcos para apresentação de "No One", com a participação de Jonh Mayer. Um pouco mais pop do que os antigos cds, mas com a mesma alma de cantora que sabe o que quer. Todo o cd com ótimas canções, que ao som do seu piano, eleva a alma. As letras parecem sussuros que entram aos poucos. Quando se vê, já foi arrebatado.

Depois de "No One", está tocando nas rádios "Like you never see me again". O clipe já pode ser conferido no you tube http://www.youtube.com/watch?v=L-WZG-y2e9k. Segundo uma lista de discussões, a próxima pode ser "Wreeckless love" ou "Lesson Learned", com participação do Jonh Mayer". A minha preferida, música e letra, por enquanto é "Tell you something". Alicia canta e toca com a alma. Vê-la tocando e cantando músicas como "If I Ain´t got you" http://www.youtube.com/watch?v=rwfSK9Ru5iM (apresentação perfeita no Grammy 2005), "Falling" ou "Diary", "Wild Horses" (com Adam Levine) é assistir um artista compondo arte na indústria fonográfica.

Às vezes, parece que toca para quem está do lado, sem o mínimo esforço. Ela dedilha aquele piano, como se estivesse na sala de estar, tocando para os amigos. Fazia tempo que não sentia isto ouvindo música. As letras parecem saídas das ruas, das angústias sentimentais e amorosas, e que penetram o espírito pelo dedilhar do piano. Que venham mais surpresas nas incursões musicais. Aceito sugestões e dicas dos amigos. Pode ser para a próxima incursão musical. Esta semana já devo voltas às locadoras, não para as séries, agora para reprisar filmes antigos. Espero ser novamente arrebatado, como fui diversas vezes nesta última incursão musical.

domingo, janeiro 13, 2008

Primeiras mudanças

Depois de muitos pedidos, veio escrever neste humilde blog. Primeiro queria agradecer à Erika e ao Eduardo os pontos de audiência. Muito obrigado. Este é praticamente o primeiro post de 2008. Todos já sabem os planos. Só que eu preciso concretizá-los. Já entrei na academia. Hoje foi o primeiro dia. Depois de um fim de semana fatigado, com dores por todo corpo, inclusive uma dor de estomago, pareço me acostumar a pegar peso.

Agora não tem mais como fugir, preciso me acostumar a Barreiras. É fato. O bom sinal é que reclamo menos do calor. Geralmente para puxar papo com os estranhos. Outro bom sinal. Já ando praguejando a política local. Tudo porque se aproximando das eleições, as únicas possibilidades são o atual prefeito, Saulo Pedrosa, e o antigo, Antônio Henrique, que nos últimos oito anos, saquearam a cidade. Apesar do visível crescimento econômico dos últimos anos, com a expansão das faculdades, e da estrutura do comércio, a infra-estrutura da cidade anda uma porcaria por causa destes prefeitos que nada fizeram. Já disse ao meu pai (só para chateá-lo) que vou continuar a votar em Goiânia.

Continuando, ainda não me adaptei à cidade. Já percebi que preciso fazer isto urgente, senão vou morrer de tédio. Não tem shopping, cinema, e principalmente os amigos para me tirarem de casa. Pensei que seria mais fácil. O que não tem remédio, remediado está. Então resta encontrar pessoas tão legais quanto, mas aqui em Barreiras. No mais, já comecei a minha academia, e quero andar à noite na avenida com a minha mãe. Pena que vou perder boa parte da novela das oito "Duas Caras". A finalidade é perder a pequena barriga, e diminuir um pouco a magreza (contraditório, mas é isso mesmo).

Quero ver se também consigo juntar uma grana, já que moro com os pais, e as tentações de cidade grande não existem. Talvez daqui dois anos me mudar para a África do Sul, ou então para a Venezuela. Além da academia a distração são os episódios de uma série de tv norte-americana, OC – um estranho no Paraíso. Estou no fim da primeira temporada, e pretendo assistir o restante. Na lista futura ainda estão a 1ª temporada de Lost, House e Herous. Estou na fase das séries de tv. Os DVD´s cinematográficos já passaram. Os livros também, depois que terminei com algum sacrifício Memorial de Aires do Machado de Assis.

Percebi depois do ano novo que o melhor é seguir em frente. Nada vai voltar como antigamente. E que agora, por escolha minha, a minha vida é por enquanto aqui, ao lado da minha família. Nada vai mudar isto. E quanto mais cedo perceber isto, melhor. Posso não estar inteiramente feliz. Sinto saudades dos amigos, dos ares de Goiânia, dos eventos, da independência. Nada que o tempo não cure... como já curou perdas mais difíceis.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

A espera pelo outro dia

Sem nenhuma razão específica, há momentos em que a solidão brota. Parece espreitar a alma, como as sombras que percorrem os vãos das casas, das florestas, dos postes na rua. Num mínimo momento de desatenção, lá vem ela, rápida, sorrateira, a lembrar que tudo aquilo que passou era ilusão. A avisar que a partir daquele instante, apenas a realidade nua e crua fará parte da sua rotina. A mostrar que a vida segue o seu rumo, e mesmo que a vontade de mudar seja grande, a força da solidão pretende tornar a vida imutável, como um motor perpétuo, sem previsão de acabar.

Deitado na cama, jogado como uma toalha, como daqueles boxeadores que perdem a batalha, penso vagamente em tudo o que passou. Desisto. Abro os olhos. Tento mexer a cabeça. Não consigo. Lá se vai mais meia hora a perdida a pensar no que se foi, ou mesmo no desconhecido. Pergunto, pra quê?

Não entendo nada da vida, e Deus me livre entender. Tudo tão complexo e amarrado. Quanto mais se tenta, mais se perde, entre as constatações de filosofias superadas a cada minuto. Ao invés da cama, a saída parece estar no sofá. A televisão, no automático, se movimenta a jogar uma parafernália de imagens, enquanto o som boceja palavras sem nexo. Queria estar longe, mas aqui estou eu, sem coragem para fugir. Do que adiantaria, se o problema maior está aqui, entrecortado entre a minha razão e o meu coração.

Pôr do sol - No final da tarde, a luz estranhamente entra com uma intensidade, a tentar responder as angústias. Já era tempo. Os raios descem devagar. As nuvens ajudam a esconder a tornar o céu alaranjado, mesclado com o azul do infinito. A busca de alguma resposta, para a insensatez de viver, ou da burrice de tentar entender a vida. E mais um dia se passa, sem que a resposta venha. Resta apenas tentar enxergar. Da sacada do prédio de três andares, fico a deslumbrar o espetáculo, até arder os olhos, como a perguntar. “Como pode este espetáculo acontecer?”.

Provisão divina. Força da natureza. Invenção humana. Loucura etérea. Os significados para aquele momento interferem diretamente na alma, a esconder a luz, a alarmar o início do recolhimento, e da solitude. Uma angústia ressoa no ar, ao balançar das folhas das árvores, dos fios elétricos e telefônicos, e principalmente, no assobiar desesperado das aves, que ao perceberem o cruel destino, se juntam e fogem, do inevitável. Debruçado desta vez sobre o parapeito da varanda, a observar os efeitos melancólicos do pôr do sol, resta apenas abaixar a cabeça. Sem asas para voar, fios para contorcer, e galhas enormes, para mostrar resignação. Somente resta, sem saída, esperar o outro dia.