quarta-feira, dezembro 29, 2010

Sofia Coppola lança Somewhere. Veja crítica.

É na simplicidade das cenas e da narrativa, em contraponto à profundidade e na complexidade dos personagens Jonny Marco (Steffen Dorf) e sua filha (Elen Fanning), a principal marca do novo filme da cinesta Sofia Coppola. "Somewhere"não traz nada realmente inovador na temática, mas constrõe aos poucos uma relação tão instigante e ao mesmo tempo reveladora, entre a personagem central, o mundo à sua volta, e nós que estamos do outro lado.

Na mesma linha de "Lost in Translation", com o tema recorrente da solidão, ela também trabalha "Somewhere", mas avança, ao adicionar o tema da paternidade. Também atrai a temática o contraponto entre sucesso profissional ao pessoal, e do vazio de estrelas de Hollywood. De um famoso ator, perdido na solidão de um quarto de hotel, entre bebedeiras, ,mulheres, e nos trabalhos de divulgação do novo filme, surge o elemento surpresa. A convivência inicialmente forçada com a filha adolescente. Daí surge um novo Jonny, cuja perspectiva se amplia.

É desta nova relação que Sofia consegue penetrar na essência das personagens, e mostrar de uma forma suave, doce, e franca, como pode ser construída uma relação entre pai e filha. Não interessa para Coppola imprimir registros do passado ou do futuro, mas o presente. Não existe flashback, ou informações dialogadas sobre o que passou ou o que vai acontecer. E os atores precisam passar as emoções sem grandes diálogos. As interpretações, apesar de discretas, imposto pelo enredo do filme, conseguem se destacar principalmente nos olhares.

No filme não existem grandes diálogos. Os "takes" são bem mais longos do que no cinema tradicional. A propósito, o tempo das cenas demarcam principalmente a fase lenta e cheia de problemas da personagem. Apesar da lentidão inicial, o espectador começa, no entanto, a se identificar com a relação estabelecida com a própria filha, e como ele passa a tomar as suas decisões, baseadas na paternidade. Foge do trabalho de um hotel na Itália, e começa a recusar flertes, e se segura nas bebedeiras. A cena da piscina (retratada sabiamente no cartaz do filme) se torna emblemática para o filme, em que ali pai e filha criam uma comunhão pouco vista.



"Somewhere" é uma ótima continuação de uma diretora que sabe a mensagem e o meio pelo qual quer passar. Talvez não receba a mesma repercussão de "Lost in Translation", mas Sofia merece aplausos, pela consistência e complexidade da proposta. Apesar de na tela parecer bastante simples, o filme poderia nas mãos de outros diretores, criar um embaraço e até um sentimento de recusa por parte do espectador. Mas nas mãos dela, ao contrádio, cria-se o sentimento de catarse, mas com uma qualidade superior ao que se vê em outras produções. (Hebert Regis/jornalista)

segunda-feira, dezembro 27, 2010

E o Axé Music. Há quantas anda?

Há quem não goste. Mas não se pode negar a música baiana, ou mais precisamente o "Axé Music" como um dos ritmos mais populares e bem sucedidos no Brasil. Cantores são lançados anualmente, e alguns galgam ao posto de pop stars nacionais, lotam shows, e principalmente fazem movimentar uma máquina milionária do show bizz tupiniquim. Na ponta de lança estão marcas como Chiclete com Banana, Ivete Sangalo e Carlinhos Brown.

Como toda máquina (que funciona desde os idos das décadas de 80, com Moraes Moreira, Sara Jane, dentre outros), precisa de alguns ajustes, o que não vem acontecendo. 'E uma pequena crise, em que a música baiana não consegue se reinventar. À exceção de Ivete Sangalo, e o seu badalado "Madison Square" (deve chegar bem com acelerae, e Desejo de Amar), nenhum dos tradicionais artistas não mostraram até agora o que puxará o Carnaval 2011.

O único sopro vem da chamada música do gueto, com nomes como Psirico e Parangolé, que tem o apoio do "mainstream baiano". Por enquanto Tcubirabiron, Mulher Maravilha, e Chuá Chuá, vem liderando as listas, o que deve se confirmar apenas no Festival de Verão de Salvador, em fevereiro.

Caso se confirme mais um pagode baiano, será o terceiro ano (antes tiveram Toda Boa e Rebolation) como melhor música do Carnaval , o que consolida uma nova vertente da música baiana, e fará no mínimo os grandes cantores do axé repensarem as suas sonoridades para se destacarem no carnaval do próximo ano. (Hebert Regis, jornalista)