terça-feira, novembro 20, 2012

Ser diferente incomoda

Tento entrelaçar dois laços que a primeira vista não se relacionam. O primeiro vem da data que lembra a Consciência Negra, comemorado hoje (20 de novembro) em todo o Brasil. O segundo é do assassinato com motivação homofóbica do jornalista goiano em uma praia próximo à capital Recife, em Pernambuco, no último fim de semana. Embora sejam diferentes em seu cerne - a raça e a orientação sexual - um componente parece vir à tona quando tratamos destes dois temas: o preconceito ao diferente!

Onde diz que as pessoas precisam vir iguais como em uma produção em série como produtos capitalistas com rótulos e manuais. A tendência à padronização nos leva a criticar o diferente. Sabe por quê?! O diferente é estranho. Não é identificável. O capitalismo não consegue encaixar pessoas assim em um grupo e tornar estes gostos rentáveis. O próprio sistema monta uma série de níveis hierarquizados onde precisamos nos encaixar ou nos ajustar.

E o drama de quem não consegue ou não se identifica com os padrões estabelecidos? Passo a largo dos dramas psicológicos e pessoais, por causa da dificuldade de medir, mas  analiso e recrimino qualquer atitude de quem esteriotipa e agride verbal ou físicamente para calar o diferente. E o pior, calar o diferente em sua essência, como no gênero, raça, cor e orientação sexual. Não é algo que se muda tão fácil quanto se compra um novo sapato e joga o antigo no lixo.

Zumbi dos Palmares levou os negros à uma libertação física, mas os negros lutam até hoje para competir com igualdade no mercado de trabalho, para assumir o cabelo e a própria identificação como afrodescente. Já o assassinato de Lucas Fortuna, que sempre lutou nos bastidores pela igualdade e contra o preconceito, como comprova os seus trabalhos na fundação da Colcha de Retalhos e como diretor de instituições ligadas à criminalização da homofobia. Lutar contra o padrão pré-estabelecido é difícil. Mais ainda é lutar pela liberdade de ser o que quiser e o que se pode ser.  

Só espero que no futuro não precisemos mais de dias específicos para valorizar o diferente, tampouco precisar velar por aqueles que lutam pela possibilidade de ser diferente. Até porque, ser diferente incomoda não é, que o digam Zumbi dos Palmares e Lucas Fortuna.

segunda-feira, novembro 19, 2012

Da época da moitinha

"Sou da época da moitinha. Os tempos estão mudando rápido demais". Foi em tom de brincadeira quando comentei um post no facebook com foto que circula nas redes sociais de um casal que fazia sexo explícito durante o Caldas Country, que aconteceu no último fim de semana, em Caldas Novas.

A primeira análise deturpada de quem olha a foto é de que o local se transformou em uma verdadeira bagunça, uma "pegação geral". O que de fato (obviamente!) não aconteceu. Quando falo "moitinha", não falo apenas do primeiro lugar mais discreto para aliviar as tensões sexuais decorrente de uma festa regada a bebida,  falo da privacidade, e da superexposição a momentos que antes eram da intimidade.

Esta barreira entre público e privado , ou seja, o que deve ser exposto, e o que pode vir a ser do coletivo, anda se desestabilizando. Está muito estreita e tênue a linha que separa o público do privado. E nesta cadeia da informação vem o desejo de quem se expõe, de quem publica e dissemina e de quem consome a informação.

O que antes acontecia, entre quartos paredes, pode cair na internet, a exemplo do caso da atriz Carolina Dieckman, que teve as suas fotografias pessoais furtadas. Isto impõe com que os temas intimidade e privacidade entrem na pauta de discussão. E levanta a necessidade de serem criadas uma moral individual em detrimento do coletivo principalmente do que se expõe nas redes sociais, em que a possibilidade da informação se tornar um viral é grande.

Como se comportar em ambientes públicos com a disseminação de máquinas e celulares? O que eu devo curtir, disseminar ou me comportar nas redes sociais e quais informações eu devo deter meu tempo?

Não adianta criticar a superexposição desenfreada de exibicionistas durante o evento. É necessário um posicionamento individual de que tipo de conteúdo expor e disseminar. Estas são perguntas de foro íntimo, cujas atitudes nas redes sociais, vão influenciar sua imagem pessoal e profissional.


quarta-feira, novembro 14, 2012

Segunda temporada de X Factor prende atenção da audiência na fase final

  Quando se fala em show business e entrenimento, os norte-americanos são mestres! Ao chegar na fase final com os shows, a segunda temporada norte-americana do programa X factor, veiculado no Brasil pela Sony, consegue prender atenção da audiência com performances dignas de prêmios televisionados como Grammy ou VMA (da MTV).

O programa continua a mesma estratégia de divisão de grupos com os jurados se dividindo na orientação, sendo também chamados de “mentores”. E assim, conseguem se diferenciar dos similares "The Voice" e "American Idol". Os dois principais jurados, que continuaram nesta temporada, Simon Cowell e L.A. Reid, continuam a se engalfinhar, o que garante momentos engraçados, e outros constragedores, ao atacarem a apresentação dos protegidos dos concorrentes.

Nesta segunda temporada, nos Estados Unidos, a grande sacada foi investir em dois nomes de peso, como Demi Lovato e Britney Spears! Embora bastante inseguras nas avaliações, e repetitivas em outras, elas conseguem imprimir apresentações atuais com coreografia e figurinos elaborados junto aos seus grupos. E assim como elas, os seus protegidos conseguem esconder imperfeições vocais do público.

Ponto neste caso para Britney Spears, que por incrível que pareça, sabe o que está fazendo nas orientações, e vai sair do programa com a imagem ainda mais consolidada. Peca pela discrição e por não querer se indispor com os outros jurados, ao contrário de Lovato.

Sobre os concorrentes, a grande diversidade de estilos agrada e deixa o programa ainda mais interessante. Para terminar, vamos às melhores apresentações (apenas uma opinião, obviamente!) para chegar ao top 5 – Jenel Garcia, Paige Thomas, Beatrice Miller, Carly Rose e Tate Stevens. Os representantes masculinos e os grupos não se saíram bem!

segunda-feira, novembro 12, 2012

Envelhecer deveria ser algo natural... mas...

 Como naquela frase que todos uma vez na vida já repetiram. “Nascer, crescer, amadurecer ,reproduzir, envelhecer e morrer”. Envelhecer deveria ser algo natural... mas não! Começamos a nos desesperar com os primeiros fios de cabelo branco, com as rugas, e enfim com a bendita frase. “Tio, o sr. pode passar esse cardápio”. Apesar de achar que não, sim, as pessoas envelhecem, para o bem ou para o mal.

Embora se preparem objetivamente para esta questão, ao aplicar parte da renda na aposentaria, as pessoas precisam se acostumar simbolicamente com o futuro na velhice. Assim como uma doença ou uma praga que leva as pessoas a se afastarem, ou numa mera substituição de máquina, a atual sociedade rejeita abruptamente o velho, e abraça envaidecido o novo. São notícias o novo livro, o novo celular, o novo carro, que nos ajuda a marcar o tempo que hoje passa tão rápido.

E o velho?! Boa pergunta! Ninguém (eu digo ninguém!) está preparado a estar velho ou lidar com velhos! Enquanto isto, vamos apenas repassando a mensagem ao cerébro, repelindo a imagem do envelhecimento, e apenas refletimos quando o fatídico número está no bolo de aniversário, ou algum novo acidentalmente nos chama de “velho”. Sim, porque, os eufemismos estão aí para nos fazer esquecer, e nos enchem de bela idade, terceira idade, melhor idade, e deixamos de encarar as doenças crônicas e degenerativas.

Tratar os anos como uma dáviva, reconhecer falhas e acertos, e saber o lugar na sociedade e não precisar provar nada para ninguém deveria ser algo recorrente. Assim, o futuro poderia ser encarado de forma menos solitária, e amparado pelo pouco que se junta para bancar remédios para aliviar dores e as doenças degenerativas. A regra hoje é afastar os velhos do trabalho, porque todo o conhecimento estará defasado, da família, para abafar histórias chatas do passado, dos amigos, que estarão presos em suas casas, ou mortos.

Tudo porque a nossa sociedade (e ninguém!) não está preparada, ou sequer pensa, em lidar com a velhice! Embora tenha aprendido que o estado final é a morte, e que antes dela vem a velhice, ainda estou aprendendo e me preparando para lidar com esta realidade. Embora seja algo que vamos precisar pensar, vamos adiando como notícia ruim ou aquele trabalho de dificil aceitação. Adiar a pensar na velhice é tirar a nossa responsabilidade do futuro, deixando ao acaso o que vier.





sábado, novembro 10, 2012

O que Lady Gaga pode ensinar às grandes corporações?


“Estou mandando hambúrgueres, fritas e coca-cola. Amo vocês, monsters”. Esta foi a mensagem que a cantora norte-americana, Lady Gaga, encaminhou aos 200 fãs juntamente com lanches do Mcdonald´s, distribuídos na porta do hotel onde está hospedada. Em seu primeiro dia no Brasil, a cantora, que inicia a sua turnê no Brasil, a partir de 09 de novembro, no Rio de Janeiro, também estampou uma bandeira “I love Rio”, ficou seminua enrolada em uma toalha e jogou biscoitos pela janela.

Além de agradar os fãs e facilitar a vida dos paparazzi, com estes gestos aparentemente simples e autênticos, continua a personificar uma imagem bastante sólida. O que ajuda a elevar o seu potencial como estrela pop e, obviamente, vender toda uma linha de produtos. Neste sentido, Lady Gaga pode ser considerada um verdadeiro “case de sucesso” ao identificar e reforçar uma nova comunidade, arregimentando uma nova legião de fãs – intitulada little monsters [na tradução literal, mostrinhos] reforçando o poder da sua marca pessoal , impulsionando os negócios.

Quando se fala em sucesso de marketing, Lady Gaga vem dando um verdadeiro “show” nas companhias. Vamos aos números? Mais de 35 milhões de amigos no Facebook e 10 milhões de seguidores do twitter, 23 milhões de álbuns vendidos e 64 milhões de músicas comercializadas na internet. E sem falar no reconhecimento ao levar 5  Grammy e 13 MTV Music Awards, além de ser considerada “Artista do Ano 2010” pela Billboard.

No artigo “Cinco Coisas que Lady Gaga pode ensinar ao marketing sobre construir comunidades”, de Lois Marino, aponta a autenticidade na condução da comunicação com os seus públicos estratégicos, as gerações Y e Z, também chamada geração da Internet (nascidos depois da década de 78). A marca característica destes públicos é que eles odeiam desonestidade, e quando se tornam leais, viram verdadeiros defensores da marca.

E Lady Gaga demonstra esta autenticidade nas apresentações, quando enaltece os fãs, e fala que deve tudo a eles, ou quando se veste de carne em uma apresentação, e dialoga com o público frequentemente nas redes sociais. Ela consegue sem muito esforço criar uma noção de comunidade frequente em agremiações esportivas, principalmente no futebol, ocasionalmente no show bizz, e quase nunca nas grandes corporações.

Como transformar o público e clientes em comunidades que abraçam produtos ávidos por novos lançamentos, e que defendem a marca diante de qualquer ataque nas redes sociais? Marino entende que marcas, como Gaga, tem que agir pequeno, mesmo se eles são muito grande, ou seja, precisa criar uma personalização e entender as necessidades em seus públicos. Ao analisar alguns fatores do sucesso de Lady Gaga, ele cita a união de um grupo em torno de um interesse comum, compartilhamento do sentimento de vulnerabilidade, tratar o consumidor como chefe, criar uma experiência coletiva, tornar-se uma empresa melhor através da comunidade.


Ao ouvir, ver um show, ou mesmo curtir a página da Lady Gaga no facebook, o fã carrega todo o simbolismo do consumo semelhante à escolha do arroz no supermercado ou daquela roupa na loja de departamento. Esta troca de experiência e a relação dos clientes com a marca, em suas hoje infinitas possibilidades de contato, são momentos únicos que artistas como Lady Gaga compreenderam tão bem e fazem com maestria e desenvoltura. Embora trabalhem com grandes profissionais de marketing que valorizam e investem na associalização do consumidor à marca, as corporações ainda precisam aprender na prática com Lady Gaga como transformar clientes e públicos em verdadeiras comunidades.