domingo, setembro 17, 2006

Plano de Promessas

Há dias me afundava em números. Nada de chegar a um consenso. Alguns simplesmente não batiam, outros não iam ao encontro do que gostaria de exemplificar no texto. Os dados eram sobre a educação. A proposta? Provar que os governadoriáveis não teriam recursos suficientes para a efetivação das suas principais promessas - escola em tempo integral e erradicação do analfabetismo.

Sentado no banco de um ônibus, percebi que os números tornaram-se um retrato infiel e desumano de um problema ainda crônico. A cena: uma senhora pede para que um rapaz fizesse algumas contas. “Sra, vou descer no próximo ponto”, dizia em pé já puxando a cordinha. “Mas vai dar tempo. O ponto está longe”, falava aflita. “Chegou, desculpa”. Agora, a sra. olhava em volta para pedir ajuda novamente.

Enquanto isto, os candidatos continuam com o mesmo falatório inútil no horário eleitoral custeado pelo bolso do cidadão. Dizem apenas que vão erradicar o analfabetismo, mas nem mencionam como farão. Não se preocupam nem com os números de analfabetos, orçamento que terão para gerir uma possível campanha. Imagine com a realidade de um analfabeto. A culpa poderia ser creditada apenas aos postulantes e às suas assessorias. Mas isto seria reduzir a questão, em um País que a estrutura estatal não tem o hábito de avaliar as suas ações. Também poderíamos dizer - ainda que de forma perigosa -que este é um traço do funcionalismo público brasileiro.

Não há pesquisas quantitativas, muito menos qualitativas, que apontem rumos e mostrem deficiências nas gestões. Dependendo do humor da pessoa, ou da hora que se é atendido, os números da educação, por exemplo, mudam com uma rapidez incrível. Alguns documentos precisam simplesmente de uma banca de especialistas para análise. Ao invés de cobrarem, os candidatos preferem seguir a maré. Assim, a despolitização continua ao confeccionarem planos de promessas como se fossem planos de governo.

Alguns parecem redigidos a partir de reportagens de televisão, de tão superficiais e genéricas. Os políticos, afinal, não podem perder tempo com estes pormenores. Precisam viajar de cidades em cidade para pedir voto, sem entender as diversidades dos problemas da população. Pela pressa e falta de planejamento, não constroem uma visão qualitativa e quantitativa da realidade do Estado. Em suma: pode até mudar a panela, mas o fogão vai continuar o mesmo.

Trilha: Ônibus Parque Oeste-Centro

5 comentários:

Rainer Sousa disse...

Esse quadro é parte de uma estrutura estrondosa e medonha.

Os realistas são vistos como sonhadores ou incapazes.

Os sincofantas grandes empreendedores de uma solução rápida e eficaz.

Como poderemos areditar na revolução que deve ser feita em nós mesmos?!

Uma pena...

Ana disse...

Cada dia que passa aumenta mais e mais a inha dúvida.

Afinal existe alguém digno de receber votos?

Anônimo disse...

E você já descobriu qual o número do rebanho goiano?! Ha-ha-ha! O problema é que, na verdade, rimos do que não devemos. Me too. Fomentamos a mediocridade... Políticos e jornalistas...praga sem fim. Some o número de políticos e "jornalistas" existentes no mundo. Pra quê?! Sei lá... Os números e indicadores são pra isso. Apenas números. D'xapralá...
Jornalismo não serve pra nada. Só pra fomentar mediocridade - como os fulaninhos que se intitulam "políticos".
Luci (confusa). Huhahuhahuha...
Kisses.

Anônimo disse...

putz, nem fale em política, político, eleição, voto... caracas! Valeu pelo coment no meu blog heheeh (valeu pela deferência como diria o renato, kkk) Também sempre passo por aqui! To com saudade baiano, poxa vc desapareceu!!! bjaao

Anônimo disse...

Reginaldo,
já conseguiu saber o número de políticos e jornalistas existente no mundo?! Foi o Flag que pediu, viu?! Hahahahahahaha! Quando descobrir, explique-me a utilidade deles...

Ah, mais uma coisinha:
Atualiza! Atualiza! Atualiza!
Kiss,
Chata Luci de Galocha